Como atua o psicopedagogo?

O psicopedagogo procura investigar as possíveis causas da dificuldade de aprendizado de um aluno. E mais do que buscar tais causas, este profissional se volta para o leque de possibilidades do aluno, para a identificação de suas competências e valores, para aquilo que pode beneficiá-lo enquanto ser aprendiz. Esta primeira etapa é feita por meio de uma anamnese em que o histórico do aluno é pronfundamente estudado a fim de se observar se as questões envolvidas são de ordem cognitiva, afetiva, neurológica, pedagógica ou comportamental. Considerada a interação entre os aspectos culturais, sociais e familiares, e abordado o processo de aprendizagem e a relação que o aluno estabelece com ele, os pais e a escola são orientados quanto aos procedimentos pedagógicos e educativos a serem adotados. Dentro do SOMA, este percurso de acolhimento e orientação é feito de maneira conjunta e envolve também profissionais da Fonoaudiologia, da Psicologia, da Neurologia entre outros. Cada passo dado pelo aluno é acompanhado por esta equipe, e por esse motivo é de extrema importância o feedback dos professores e do estabelecimento original de ensino.

Qual é a relação do psicopedagogo com a escola?

A relação com escola é de parceria, de colaboração, pois o objetivo da atuação psicopedagógica não é buscar culpados. O foco da psicopedagogo é sempre o aluno. Identificadas as dificuldades e habilidades deste, inicia-se uma busca conjunta de soluções e resultados. Em outras palavras, o profissional da psicopedagogia busca auxiliar a escola na identificação das dificuldades e na adequação dos procedimentos educativos e pedagógicos que atendam da melhor forma o processo de aprendizado particular do aluno.

A Psicopedagogia também pode atuar no meio universitário?

Sim. Contudo, tal prática é ainda bastante desconhecida nesses meios. Em geral, há a atuação de outros profissionais, mas seria de extrema importância integrar a Psicopedagogia, já que esta pratica pode ser benéfica para alunos de qualquer faixa etária, independente do seu grau de escolaridade.

Qual é a sua opinião sobre os diagnósticos sem critério?

Esta é uma situação delicada e triste. Todo diagnóstico implica assumir uma responsabilidade. Para se ter ideia, um encaminhamento errôneo pode gerar outro problema muito mais complexo do que, em geral, aquele que se apresenta. É importante sempre lembrar que na maioria das vezes, nossos pacientes são pessoas com muito futuro pela frente. Um diagnóstico equivocado pode influenciar negativamente no rumo de suas vidas.

Quais são, em geral, os diagnósticos relacionados à dificuldade de aprendizado?

Cada ser é único. E para cada um deles é feito um procedimento de identificação, análise e encaminhamento. Não há aplicação de teste padrão: as práticas são muito singulares e variam de acordo com a necessidade de cada aluno. Porém, a maior parte dos diagnósticos aponta para questões emocionais como a falta de credibilidade em si mesmo, a autocobrança, o medo de julgamento, baixa auto estima, ansiedade, bloqueios e resistência a aprendizagem. São questões mais simples do ponto de vista do tratamento, em que o retorno é bastante eficaz e rápido. Por outro lado, constata-se muitas vezes a presença de distúrbios, disfunções ou transtornos(TDA, TDAH, DDA, dislexia, autismo, síndrome de ásperger, etc). Para estes casos busca-se a participação de outros profissionais da área da saúde.

O meio, em sua opinião, interfere no aprendizado?

Sem dúvida. O meio tem uma influência e peso importantíssimo nas questões de aprendizado. O que os alunos trazem para o meio acadêmico é produto sociocultural, histórico, familiar. Somos o que ouvimos, vemos e sentimos. Tudo o que nos rodeia, tudo o que vivenciamos dita nossos sentimentos, influencia nosso comportamento e no modo como nos relacionamos com as situações do cotidiano. Sejam elas, de ordem familiar, acadêmica, profissional ou social. Por essa razão, é muito importante que o aluno se sinta acolhido e inserido no espaço acadêmico para que o processo de aprendizagem possa transcorrer de forma prazerosa e efetiva.

O que é inteligência, em sua opinião?

Inteligência, no meu entendimento, é a capacidade que o indíviduo tem de autoconhecer-se, reconhecer seus valores e suas competências, acreditar em si e ser capaz de fazer os movimentos necessários em direção a uma ação bem sucedida. É se comportar e agir de tal forma a proporcionar benefícios para si e para os outros. Inteligente é quem sabe lidar com as adversidades da vida, conseguindo usar o seu conhecimento e a sua força para ir em busca de seus objetívos, conquistar seus sonhos e desejos e construir a própria história.

Qual a melhor forma de aprender?

É não se conformar coma primeira informação que recebemos. É querer aprender mais, é interagir com as várias possibilidades que se apresentam no nosso cotidiano. Portanto, aprendemos atravéz da troca de saberes. Isto faz com que eu amplie o meu conhecimento e a minha visão de mundo. Para isso, é preciso irmos além dos preconceitos e dos rótulos, pois estes nos cegam, nos fanatizam, nos alienam, impossibilitando qualquer avanço.

2014nov04-2