O plágio é um problema muito comum e extremamente grave. Não é raro encontrar em redações e mesmo em textos acadêmicos a cópia literal, ipsis litteris, do texto do Outro. Porém a reação, e a punição diante dessa cópia, varia de acordo com o ambiente em que se está inserido.
No ramo artístico e acadêmico, o plágio é considerado crime, com pena de reclusão de 1 a 4 anos. No meio escolar, é considerado apenas um equívoco de escrita, dado o seu percurso de aprendizado. Contudo, é necessário desde cedo instruir os alunos de que o ato da cópia apenas prejudica o texto, e de que há outra forma de se dizer o que um outro autor disse: a citação.
A citação é um recurso textual necessário à justificativa dos argumentos apresentados, uma prática que concede status às ideias desenvolvidas pelo autor no texto. Segundo Hoffnagel (2009, p. 04), a citação é “central ao contexto social da persuasão no sentido em que pode fornecer justificativas para argumentos e demonstrar a novidade de uma posição, ajudando dessa forma os escritores a estabelecer uma estrutura epistemológica persuasiva para a aceitação de seus argumentos”.
Para a autora, ainda, a citação pode assumir diversas funções, além da sustentação do argumento. Como instância de autoridade, ela dá reputação ao autor citado e reforça a voz do escritor citante; também, ao reconhecer a tradição precedente, o escritor citante se revela fiel a um nicho de pesquisa e de pesquisadores e ganha, com isso, credibilidade.
A grande questão é quando se deve citar e a quem citar. E, também, a maneira como citar, se optar pela citação direta ou a paráfrase.
Citação Integral
O nome do autor citado aparece na oração citante:
(Sujeito) Stendhal (1841) afirma que o amor é a promessa de felicidade.
(Não-sujeito) Um outro ponto a respeito do amor é revisto por Stendhal (1841).
Citação Não integral
O nome do autor citado não aparece na oração citante. A referência vem entre parênteses ou em nota de rodapé:
O amor é apenas uma promessa da felicidade. (STENDHAL, 1841)
Paráfrase ou citação indireta
O dizer de outra maneira, o dizer com suas próprias palavras. Estrutura-se por meio de resumos ou de generalizações para expressar o texto original. Em geral, o seu uso é preferível ao uso da citação direta, a qual pode sobrecarregar o texto.
Texto original: “Amo aquilo que retrata o coração do homem, mas do homem que conheço, e não dos Riccaras”. (STENDHAL, 1832)
Paráfrase: Stendhal (1832) declara amar o que retrata o coração dos homens que conhece, e não daquelas que apenas carregam o nome de suas famílias.
Citação direta curta
Atenção! As citações diretas devem ser usadas cuidadosamente. É preciso saber quando é necessário se referir ao original ipsis litteris, e não citar apenas com o intuito de exemplificar o que estamos dizendo.
A citação direta curta traz as palavras do autor em menos de 3 linhas. Quando ela ocorre, deve aparecer no corpo do próprio texto.
Se levamos em consideração que o amor é “promessa de felicidade” (STENDHAL, 1841), outras justificativas surgem para a idealização romântica do herói.
Citação direta longa
Citação em que figuram as palavras do autor, com mais de 3 linhas. Neste caso, o trecho citado deve vir com um recuo de 4 cm em relação ao texto, em tamanho 10 e espaçamento simples.
O homem que conheceu a vida e a morte, que enfrentou os limites do desespero, da fome e do perigo, e que, mudado pela Revolução, tenta regenerar-se, aparece no novo século entediado e sem mais nada a dizer:
“A terrível mudança que nos lançou no tédio atual e que torna ininteligível a sociedade de 1778 tal como a encontramos nas cartas de Diderot à srta. Voland, sua amante, ou nas memórias da sra. d’Épinay, pode levar a procurar qual dos nossos sucessivos governos matou entre nós a capacidade de se divertir e nos aproximou do povo mais triste da terra.” (STENDHAL, 1842)
Resumo
O conceito de amor como promessa, segundo Stendhal (1841), só se tornou possível no século XIX graças ao contexto pós-revolucionário.
Generalização
Vários autores têm destacado o papel do amor na literatura (Rousseau, 1820; Stendhal, 1830; Kierkegaard, 1850).
Verbos de citação
Na citação, o discurso referido é introduzido por alguns verbos específicos que anunciam o texto alheio e preparam o leitor para esta interrupção retórica. Alguns deles são:
Dizer, Afirmar, Citar, Apontar, Mostrar, Realizar, Observar, Propor, Sugerir, Apontar, Verificar, Constatar, Analisar, Defender, Fazer, Chamar, Constatar, Reiterar, Considerar, Destacar etc.