A Unicamp encerrou ontem a Segunda Fase de seu Vestibular 2015. Foram três dias de prova com o índice de abstenção geral de 12,3%, isto é, quase 2 mil dos 15 444 candidatos aprovados não compareceram. Como comentamos nos textos anteriores, o vestibular da Unicamp sofreu algumas alterações em relação ao ano passado: a Redação foi deslocada para a segunda fase, valendo 20% da nota final e a primeira fase, somada à nota do Enem, representará 30%.

São oferecidas 3 320 vagas em 70 cursos de graduação. Há ainda, para os candidatos de Arquitetura e Urbanismo, Artes Cênicas, Dança e Artes Visuais, as provas de Habilidades Específicas, as quais serão realizadas no campus de Campinas entre os dias 19 e 22 de janeiro. A primeira chamada será divulgada no dia 2 de fevereiro.

2015jan15-2

A prova do domingo trouxe a Redação e Questões de Literatura e Língua Portuguesa. As duas propostas não surpreenderam. Em relação aos gêneros, a primeira solicitava uma síntese e a segunda, uma carta-convite, gêneros já explorados pelo vestibular no ano passado. Já no tocante ao tema, nenhum deles foi polêmico ou exigia o engajamento crítico do aluno. Bastaria o cumprimento das exigências da proposta de maneira clara e objetiva para a obtenção de uma boa nota. Contudo, provas deste tipo costumam não selecionar os alunos. As questões de literatura estavam bastante simples. Apenas três livros da lista foram questionados (Capitães de Areia, de Jorge Amado; Vidas Secas, de Graciliano Ramos; e Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade), e mesmo aqueles alunos que contaram somente com um resumo das obras teriam respondido às questões com sucesso.

Na segunda-feira, as disciplinas História, Geografia e Matemática foram abordadas. Bem mais exigentes que as do dia anterior, as questões das três áreas dialogaram intensamente com a atualidade. No entanto, a prova de Matemática deixou um pouco a desejar no quesito “enunciado e alternativas”, uma vez que estas últimas pouco exploravam o enunciado primário e acabaram por exigir apenas contas. A área mais explorada foi, sem dúvida, a Álgebra (funções, logarítmo, progressão geométrica, em especial), e questões de trigonometria e geometria não foram abordadas.

Já a prova de Geografia supreendeu positivamente. Destaque para a questão que falava sobre os aquíferos brasileiros em meio a este tempo de crise hídrica no sudeste brasileiro. Também chamara atenção a questão que falava sobre a zona franca de Manaus e àquela que abordava a ocupação ilegal urbana e os movimentos sociais na cidade de São Paulo. No geral, a prova foi complexa e exigiu bastante do aluno. A questão que pedia ao aluno que identificasse os canais do Panamá e Suez e que descrevesse geograficamente a região em que estavam inseridos, por exemplo, demonstra o quão pontual e atual foi a prova.

A prova de História, da mesma forma, trouxe o aluno para o seu cotidiano. Destacamos a questão que abordava a cidadania na Grécia Antiga, a violência policial atual e o Golpe Militar de 64, a colonização portuguesa na África e o tráfico moderno, o desaparecimento de Herzog na década de 70 e o de Amarildo, em 2013, e a das Cruzadas e o fanatismo religioso, a qual acabou em diálogo direto com o atentado da última semana em Paris na revista Charlie Hebdo.

2015jan15-3

O último dia de prova trouxe questões de Biologia, Física e Química. Mais uma vez uma prova atual e exigente. Em Física, temas como a geração de energia e aceleradores de partículas, lançamento de satélites e transporte na cidade de São Paulo (monotrilho) foram o destaque. Em Biologia, o DNA e os gêmeos, a recente epidema de ebola, as massas de ar e as chuvas foram abordados. E, em Química, mais uma vez, ainda que indiretamente, a questão da crise hídrica: a questão destaque abordava os processos de obtenção de água para consumo a partir da água do mar.

Em linhas gerais, esta foi a segunda fase da Unicamp. O gabarito oficial será divulgado nesta quarta-feira no site da Comvest. O SOMA deseja a todos boa sorte!!!