Ao se colocar diante de um sujeito e sua familia, de primeiro momento já há uma implicação do psicopedagago em se situar nas posssibilidades de escuta da história de vida que irá se apresentar a partir daí para além de uma simples queixa.

            Receber alguém que pede esclarecimentos em relação a determinadas questões e dúvidas que envolvem o aprendizado, requer, antes de mais nada, respeito e comprometimento com o que está por vir.

            Assim se dá o começo de uma avalaição psicopedagógica: de maneira apurada e investigativa, a escuta analítica é priomordial para se promover um encontro da fala da família e do sujeito, com o saber do profissional que o escuta.

            Trata-se de uma investigação que consiste na compreeensão, de ordem global, com base em Weiss (2008), na forma de aprender e dos desvios que estão ocorrendo nesse processo. É a organização de dados em relação a vida biológica, intrapsíquica e social de forma única e pessoal.

            Após o acolhimento com a família, existe a necessidade de apurar as formulações de hipóteses através de encontros com o sujeito, sendo possível utilizar alguns instrumentos tais como: Entrevista Familiar Exploratória Situacional (EFES), Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) elaborada por Visca, Sessões Lúdicas (criadas por Weiss), provas  e testes diversos, Diagnóstico Operatório (autoria de Piaget), bem como entrevistas com a equipe da escola e com outros profissionais, análise de produção do sujeito em questão como, por exemplo, o material escolar, desenhos, construções e o que for necessário.

            A Anamnese com a família se faz essencial por apresentar a visão familiar da história de vida do sujeito em relação a preconceitos, normas, culturas, expectativas, circulação de afetos e conhecimentos, além do peso das gerações anteriores que às vezes é depositado no sujeito (Weiss, 2008).

Vale lembrar  que,

o diagnóstico  psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre revisável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia numa atitude investigadora, até a intervenção. É preciso observar que essa atitude investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo de observação ou acompanhamento da evolução do sujeito (BOSSA, 2000,p.95).

            Mesmo diante da importância de alguns instrumentos de intervenção avaliativa no diagnóstico psicopedagógico, é essencial destacar, segundo Weiss (2008), que o sucesso do diagnóstico não está no grande número de instrumentos utilizados, mas, principalmente, na competência e sensibilidade do psicopedagogo em explorar a multiplicidade de aspectos revelados em cada situação.

            Como consquência, a elaboração da devolutiva, tanto para o sujeito como para a família, exige um momento que deve ser considerado desde a queixa inicial, assim como todo o trabalho desenvolvido, detalhadamente, em cada sessão, as entrevistas investigativas (família, escola, profissionais e o próprio sujeito), seguido de orientações e devidos encaminhamentos.

            Todos os aspectos apresentados devem ser necessariemante sustentados pelo bom senso e propriedade do psicopedagogo em construir com o sujeito e familia questões relacionadas com a queixa inicial, assim como também de destacar as potencialidades e as necessidades que fazem parte também do contexto de aprendizado do sujeito como um todo, no sentido de prosseguir com condutas e estratégias que realmente signifiquem o sujeito e suas particularidades em aprender.

Samira Germano 

Psicopedagoga

Referências Bibliográficas:

BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contibuições a partir da prática. 2ª ed. Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 2000.

WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica – uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 13ªed. Rio de Janeiro, Lamparina, 2008.