Uma das questões fundamentais aos processos pedagógicos é a maneira como aprendemos. Diversos filósofos, ao longo do tempo, abordaram essas questões e estudá-los nos ajuda a compreender melhor os desafios envolvidos na aprendizagem.

Platão, por exemplo, considerava que todos nós já nascemos dotados de conhecimento: apenas teríamos nos afastado dele. É importante ter em mente que, para esse filósofo o mundo das ideias seria perfeito e o mundo material seria uma cópia ilusória do primeiro. As almas participariam do mundo das ideias, acessando o conhecimento e a verdade. Ao encarnarem em um corpo material, no entanto, se esqueceriam das ideias. O papel do(a) professor(a), nesse sentido, seria estimular o(a) estudante a se lembrar daquilo que ele(a) havia esquecido, possibilitar seu reencontro com o conhecimento.

Essa concepção – o aprender como rememorar – constituiu uma tradição sólida que, até os dias de hoje, ocupa um papel de destaque nas atividades educativas. Ela se expressa nas perspectivas que entendem o estudo como a busca da verdade e que associam a aprendizagem à rememoração.

Embora a tradição platônica seja uma das bases da educação ocidental, é importante reconhecer que a filosofia vem apresentando novas contribuições para entendermos os processos de ensino-aprendizagem. Podemos citar, por exemplo, as reflexões do filósofo francês Gilles Deleuze. Deleuze destacava a impossibilidade de controlar a aprendizagem, afirmando que esta não se configuraria como absorção de conteúdos objetivos, mas sim como um processo em que dedicamos tempo e que não sabemos no que resultará.

Assim, segundo Deleuze, a aprendizagem seria um processo em aberto. Nunca sabemos onde iremos chegar. Sabemos, no entanto, que para aprender é preciso pensar, e que pensamos quando nos deparamos com problemas, questões que precisam ser resolvidas. As novas contribuições da filosofia apontam, portanto, para a ideia de que aprender não é rememorar, mas sim criar algo novo, elaborar uma solução frente à realidade em que vivemos. Ao professor não caberia fornecer modelos a serem copiados pelo(a) aluno(a), mas sim auxiliá-lo(a) na produção do conhecimento. Fundamentalmente, o papel do professor seria estimular o pensamento.

Gabriel Carlos de Souza Santos