A origem histórica

A Páscoa tem sua origem na festa judaica conhecida como Pessach, ou “Passagem” no hebraico. Tal “passagem” seria uma referência ao êxodo por volta de 1250 a.C.: a libertação dos judeus da escravidão pelos faraós, sua saída do Egito, passando pelo Mar Vermelho, e a chegada à terra prometida.

A festa foi incorporada à tradição cristão como lembrança da ressurreição de Cristo, a ressurreição da vida. O dia oficial foi estabelecido pelo Concílio de Niceia, em 325 d.C.: um domingo após a primeira lua cheia do equinócio, no início da primavera do Hemisfério Norte. A cada ano a data varia, mas sempre dentro do intervalo dos dias 22 de março e 25 de abril.

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A geografia dos tempos

Como dissemos, a Páscoa nem sempre é comemorada na mesma data. Isso se deve a um fenômeno conhecido como Equinócio, do latim equus (igual)e nox (noite), ou seja, “noites iguais”. O Equinócio corresponde ao fenômeno em que os dias e as noites têm a mesma duração de 12 horas. É ele que define a mudança das estações do ano. No hemisfério sul, a primavera tem início em setembro e o outono em março. Já no hemisfério norte, o outono tem início em setembro e a primavera em março. Muitas sociedades pré-cristãs, como a grega, festejavam a passagem do inverno para a primavera na primeira lua cheia do período. Tal comemoração estava ligada à prosperidade que a primavera trazia após o inverno rigoroso e escasso. Seria também esta comemoração, então, a raiz do festejo de Páscoa.

A matemática das datas

O matemático Johann Friederich Carl Gauss, a partir dessa incerteza de datas da Páscoa, pensou um método para calcular o dia “correto” do festejo. Conforme o definido no Concílio de Niceia, a Páscoa deveria ser celebrada no domingo seguinte à primeira lua cheia da primavera. Gauss, então, propôs o seguinte:

“Considere A como sendo o ano, e m e n dois números que variam ao longo do tempo de acordo com a seguinte tabela:

Ano| Valores
1583-1699| m=22, n=2
1700-1799| m=23, n=3
1800-1899| m=23, n=4
1900-2099| m=24, n=5
2100-2199| m=24, n=6

 

Considere também:

a) o resto da divisão de A por 19
b) o resto da divisão de A por 4
c) o resto da divisão de A por 7
d) resto da divisão de 19a+m por 30
e) o resto da divisão de 2b+4c+6d+n por 7

Então a Páscoa será no dia 22+d+e de março ou d+e-9 de Abril

Observações:
1. O dia 26 de abril deve ser sempre substituído por 19 de abril.
2. O dia 25 de abril deve ser substituído por 18 de abril se d=28, e=6 e a>10.”
Fonte: http://www.somatematica.com.br/mundo/pascoa.php

A etimologia da palavra

O termo “Páscoa” deriva, claramente, como vimos, do hebraico פֶּסַח “Pesach”. E do latim, “Pascha”, bem como do grego bíblico, Πάσχα, “Paskha”. Em inglês, o termo é “Easter”, derivado do inglês arcaico “Éastre”, diretamente ligado à deusa Ostera, que abaixo conheceremos. A origem da palavra em português, deste modo, distancia-se da tradição indoeuropeia e se aproxima da tradição judaica.

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A biologia dos símbolos

Na festa judaica, por ser um dos poucos alimentos que não perdia sua forma após cozido, o ovo foi adotado como símbolo do povo de Israel, que foi capaz de ressurgir com força. O ovo, sozinho, já representa o nascimento, o renascimento, o ciclo de criação. Ele se torna o símbolo da Páscoa cristã no século XVIII.

Porém, diversos povos, como os celtas, gregos, fenícios, chineses, egípcios etc. já acreditavam que o mundo havia tido sua origem a partir do “ovo cósmico”, que sucederia o caos. Na Índia, a gansa Hamsa teria chocado o ovo cósmico na superfície das águas originais, dividindo-o em duas partes, a clara, o céu, e a gema, a terra. Na China, um ovo teria se aberto e dele teria surgido a terra (Yin) e o céu (Yan).

Na tradição europeia cristã ainda mantém-se o hábito de comer ovos no domingo de Páscoa para garantir sorte e saúde durante o ano.

Já a associação do coelho é mais complexa. No Pessach, que teve sua origem em ritos tribais e tinha por objetivo a celebração da paz entre os povos, um cordeiro era sacrificado e oferecido aos chefes das tribos. O coelho, neste sentido, veio substituir a figura do cordeiro. Ele seria uma forma mais “dócil”, “doce” adotada para popularizar a festa pelos cristãos. Há a hipótese, também, de que por ser a Páscoa realizada no fim do inverno, seria este o momento da aparição de animais como os coelhos. Essa era a época de fertilidade, e os filhotes apareciam aos montes.

Além disso, conhece-se também a história e imagem da deusa Ostera ou Eostre, deusa pagã da fertilidade e do renascimento. Em sua representação mais conhecida ela é retratada como uma mulher observando um coelho saltitante enquanto segura um ovo na mão. Posteriormente, a religião católica incorporaria os três símbolos, presentes até na etimologia da palavra: em inglês, por exemplo, Páscoa é Easter.

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A química dos chocolates

Muitos se questionam de onde surgiu a tradição do chocolate na páscoa. A substituição dos ovos cozidos ou pintados por ovos de chocolate têm duas possíveis razões. Uma delas vem da proibição da ingestão de carne animal, por alguns cristãos, durante a quaresma. A outra vem da necessidade do aumento do consumo de chocolate quando a indústria do chocolate surgiu, em 1830.

Como se sabe, muitos fatores influenciam no sabor e na qualidade de um chocolate. Desde a escolha do cacau, do clima, solo, até as técnicas de fabricação. A etapa de fermentação dos grãos, neste ponto, é extremamente importante. Ela produz aminoácidos, flavonoides, monossacarídeos, entre outras substâncias que produzirão o sabor e aroma do chocolate.

O aroma final se forma na etapa de torrefação, quando os grãos fermentados são aquecidos a uma alta temperatura. Em seguida, são moídos e transformados no “liquor de cacau”, que adicionado ao açúcar, leite em pó, emulsificantes e manteiga de cacau formam o que conhecemos como chocolate.

 

O Soma deseja uma feliz páscoa!